terça-feira, 8 de julho de 2008

Que polícia é essa?

“Eles não tiveram piedade, eles não tiveram pena, eles vieram para executar. Que polícia é essa?”.
Foi o que disse o pai do menino João Roberto. O garoto ia completar quatro anos no próximo dia vinte e nove, e os pais dele já pensavam nos preparativos para a festa de aniversário.
A vida do menino foi interrompida de modo cruel e violento, e ele morreu depois de ser baleado por dois tiros que saíram das armas de policiais do Rio de Janeiro.
Os policiais disseram que o carro onde estava João Roberto, a mãe dele e o irmãozinho de nove meses, ficou no meio do fogo cruzado, durante uma perseguição a bandidos.
O secretario de segurança, José Mariano Beltrame, lamentou o ocorrido, pediu desculpas, reconheceu que a polícia está mal preparada e que os policiais confundiram o carro da família com o dos criminosos.
O fato é que a criança de três anos, que estava no carro com a mãe e o irmão, morreu após levar um tiro na cabeça. No carro, ficaram as marcas de pelo menos quinze tiros.
O pai do menino, revoltado e indignado, que acabava de perder o filho, conversou com a imprensa e, em desespero, criticou os policiais e disse que eles atiraram para executar.
No domingo, a família voltava para casa após uma festa. A mãe viu um carro passando em alta velocidade e, logo depois, a viatura. Encostou para dar passagem. O que ninguém poderia esperar é que a viatura parou também, dois policiais desceram do carro e descarregaram as armas contra o veículo onde estavam uma mulher e duas crianças pequenas.
Testemunhas confirmam a versão da mãe, e afirmam que eles atiraram para matar.
Desesperada, a mãe jogou a bolsa do bebê pela janela, numa tentativa de mostrar aos policiais que havia crianças dentro do carro, abriu a porta e se lançou para fora, na tentativa de salvar os filhos.
O pai de João Roberto disse ainda que a esposa dele mandou o filho mais velho deitar no chão do carro. E o menino, na ingenuidade de uma criança, ainda teve tempo de perguntar “por que, mãe?”.
Essas, provavelmente, foram as últimas palavras do menino.
A Secretaria de Segurança do Rio classificou a ação como “desastrosa”, e o secretário falou que falta para a polícia “preparo e critério na hora de agir”. Pediu desculpas e disse que o governador está “constrangido”.
Pedido de desculpa não serve para quem viu o filho de três anos ser baleado na cabeça, e é muito pouco para confortar as pessoas que têm medo de sair às ruas e que não confia na polícia.
Constrangidos devem estar os policiais honestos, que nessas horas provavelmente se envergonham da profissão.
Realmente, é lamentável a morte violenta de uma criança, cujos autores foram aqueles que deveriam ser responsáveis pela segurança da população. Lamentável também é a ação da polícia e da política que contribuem para essa violência que já se tornou rotineira no Rio.
É muito triste, revoltante e assustadora a situação.
Crimes cujas vítimas são crianças causam uma comoção pública muito grande e mexem com o sentimento das pessoas. Quantas crianças ainda vão ter que morrer? Até quando isso vai acontecer?
Infelizmente isso acontece diariamente, não só no Rio. E, sendo no Rio, muitos outros inocentes morrem nos morros e favelas, mas a tragédia só se torna pública quando acontece no asfalto, principalmente quando atinge a classe média. Mas parece que nada muda e assassinatos como esse voltam a acontecer.
O caso do menino João Roberto é mais um sinal do fracasso desse governo no combate à violência.
Confesso que fiquei arrepiada ao ouvir a declaração desse pai, e não consigo imaginar o que passou pela cabeça da mãe e das testemunhas que viram o momento em que dois policiais metralharam o carro onde estava uma mulher e duas crianças.
Carro este que parou no acostamento para dar passagem para a viatura continuar a perseguição policial que estava fazendo. Mas o desfecho da história foi mais trágico do que se podia imaginar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Até quando as autoridades vão pedir desculpas por crimes absurdos cometidos por policiais completamente despreparados? Pq ao invés de desculpas, não mostram que estão fazendo alguma coisa para mudar este quadro e impedirem que "operações desastrosas" voltem a ocorrer?
É uma pena saber que, infelizmente não podemos confiar na nossa policia, que ao invés de proteger o cidadão muitas vezes é a responsável por tirar-lhes a vida...

Parabéns pelos textos!!!
Bjos

Natália Geraldi disse...

Realmente casos como esse deixam todos nós indignados, tristes e cada vez mais desconfiados... o pior é saber que isso acontece com freqüência e que até agora nenhum projeto eficiente foi apresentado e posto em prática.

Obrigada,
Um beijo!

Unknown disse...

Como estou fora do Brasil não sei muito bem o que se passa por lá e estou me informando através da internet. Mas esse caso do Rio, pelo que me contaram, vai dar o que falar. Infelizmente nossos policiais não estão qualificados para exercer esta função.
Guilherme Freitas