Abraços, choro e sorrisos emocionados. O reencontro entre mãe e filhos, após mais de seis anos separados, foi transmitido por canais de televisão de todo o mundo, que parou e se emocionou ao acompanhar as imagens da tão esperada libertação da ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, que havia sido seqüestrada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia em 2002, quando estava em plena campanha eleitoral para disputar a presidência do país.
O assunto tomou conta das conversas e ganhou espaço de destaque em toda a imprensa. Todos os telejornais exibiram as imagens e todos os jornais impressos e revistas da semana trouxeram a foto de Ingrid em destaque. Classificado como fato histórico e, sem dúvida, será.
Em uma operação muito bem planejada e sem que nenhum tiro fosse disparado (outro fator que chamou atenção), soldados do Exército Colombiano se disfarçaram de rebeldes e o resultado, satisfatório, foi classificado como “vitória da vida e da liberdade”. Foi essa ação militar, no dia dois de julho, que conseguiu resgatar Ingrid Betancourt e mais catorze reféns e prender dois guerrilheiros das Farc.
Em entrevista, Ingrid falou sobre a operação, a qual classificou de “impecável”, e disse que naquele dia tinha acordado cedo e achou que seria transportada para outro acampamento na selva. Contou sobre os dias no cativeiro, o tempo que passou acorrentada e as humilhações às quais era submetida.
Disse também sobre a felicidade ao reencontrar os filhos e afirmou que ainda não sabe o que vai fazer daqui pra frente, chegou até a ser questionada sobre uma possível candidatura ao governo, mas garantiu que de imediato pretende apenas se empenhar e lutar pela libertação dos outros reféns, tanto os da Colômbia como os de outras partes do mundo.
Diante disso tudo, acredito que não teve quem não se perguntou de onde essa mulher tirou forças para viver e como ela conseguiu sobreviver esse tempo todo no meio da mata, em poder de revolucionários guerrilheiros e vendo, a cada dia, companheiros de cativeiros adoecendo e morrendo.
Podemos também observar e destacar o empenho em enfraquecer as Farc e libertar os reféns. Empenho este que, de certa forma, mobilizou representantes de países de todo o mundo. Uma questão política que, na minha opinião, se estendeu à questão humanitária e abstraiu os limites dos interesses individuais de cada autoridade, como se os unissem em um interesse comum.
Os discursos vieram de diversos lugares, de vários presidentes. No geral, a ação foi classificada como uma vitória, a democracia e a liberdade foram citadas.
O venezuelano Hugo Chávez se disse feliz com a libertação e surpreendeu ao elogiar o presidente colombiano Álvaro Uribe pelo sucesso da operação. Este, por sua vez, comparou o resgate às maiores vitórias da humanidade e disse que continuará empenhado em libertar os outros reféns. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi pessoalmente recepcionar Ingrid no aeroporto para dar-lhe as boas vindas, e afirmou que a libertação dela é um sinal de esperança. Aqui no Brasil, Lula disse que a democracia reina na América Latina e, por isso, não há motivos para se chegar ao poder através da luta armada.
E as Farc, ao que tudo indica, está a cada dia perdendo força. Quem definiu bem isso foi o ministro do Interior da Colômbia, Fabio Valencia, para ele “é evidente a derrota política, não só porque o grupo foi declarado terrorista no mundo inteiro, mas também por haver recebido golpes contundentes das Forças Armadas”.
Agora, nos resta acompanhar os desdobramentos do caso e como será, daqui pra frente a luta para resgatar os mais de setecentos reféns que ainda estão em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
* Mais informações no site da BBC Brasil: http://www.bbc.co.uk/portuguese/
* Texto publicado também no Blog da Comunicação: http://www.blogdacomunicacao.com.br/
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