quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tolerância Zero!

Agora é lei. E autoridades dizem que vai valer: não pode mais dirigir após beber. E agora não pode mesmo! A tolerância é zero! O famoso teste do bafômetro será mais rígido e os motoristas serão punidos caso seja constatado algum vestígio de álcool, por menor que seja.
O decreto não é claro, e está causando muitas discussões.
É fato, e indiscutível, que bebidas alcoólicas e direção não combinam, e que juntas podem causar graves acidentes. O número de pessoas, principalmente jovens, que sofrem acidentes de trânsito por dirigirem alcoolizados é enorme, e muitos morrem em decorrência disso.
Obviamente, a fiscalização precisa ser mais rígida e intensificada. Mas com bom senso, é claro!
Um copo de cerveja, uma dose de algum destilado, ou mesmo uma taça de vinho demoram uma hora para serem absorvidos pelo organismo e, sendo assim, o aparelho detecta a ingestão de álcool.
Foi no mínimo curiosa a reportagem de Eleonora Pascoal, da TV Bandeirantes, na qual ela se submeteu ao teste do bafômetro após comer uma sobremesa de papaya com licor de cassis. E o mais incrível: o aparelho acusou que ela havia ingerido álcool. Logo depois, ao beber um copo de água após comer o bombom de licor, nada foi apontado.
Hoje, Chico Pinheiro e Carla Vilhena, da Rede Globo, entrevistaram o major Ricardo de Barros, do 34º Batalhão da Polícia Militar, durante o SPTV 1ª Edição. O entrevistado, ao falar da rigidez e fiscalização da lei, contou que na cidade de São Paulo existem quinze bafômetros.
Diante do tamanho da cidade, Chico Pinheiro perguntou se o número não é insuficiente. O major da PM, tentando se explicar, disse que não, pois muitas pessoas são submetidas ao teste, no mesmo aparelho, em uma mesma noite. Quantas pessoas? A resposta foi vinte carros em sessenta locais diferentes.
Multiplicando...sessenta lugares, vinte motoristas em cada local... chegamos a mil e duzentas pessoas. Não me parece suficiente para uma cidade que atingiu a marca de seis milhões de veículos. Por mais que, no mesmo dia, os quinze bafômetros existentes em São Paulo sejam usados para fiscalizar esses mil e duzentos motoristas, o número chega a dezoito mil.
Embora seja necessária a fiscalização ser mais rígida, o assunto precisa ser estudado e a lei elaborada de maneira sensata, para que seja aplicada de modo eficaz. Caso contrário, será um pretexto para aplicar multas, e não cumprirá o papel que, teoricamente, deve cumprir, que é o de atuar na fiscalização para evitar acidentes caudados por pessoas que estão, de fato, embriagadas.
Isso me faz lembrar da lei que tornou obrigatório um kit de primeiros socorros em todos os veículos, em 1999. A exigência foi criticada em todo o país e tida como uma fábrica de dinheiro. O kit se tornou obrigatório, mas os motoristas não estavam preparados para realizar esse primeiro atendimento. Três meses depois, a lei foi derrubada.

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