“O ex-escravo das drogas” faz campanha contra o fumo pelas ruas da cidade.
Magro, baixo, cabelo rastafari, barba comprida, com os olhos atentos no que acontece ao redor e bom de papo. Esse é o Antônio José da Silva, o Piauí.
Ele tem 43 anos, morou durante dezesseis na rua, chegou a fumar três maços de cigarro por dia e era viciado em maconha e crack. Está longe das drogas – incluindo cigarro e bebida – há quinze anos e hoje, no momento em que o Governo tenta proibir o fumo em lugares fechados, ele dedica seus dias em campanha contra o tabaco.
Ele chama a atenção de quem passa pela Avenida Paulista, onde expõe cartazes alertando que o cigarro faz mal à saúde e polui o ambiente. Além desses cartazes, que ficam no chão, ele enche garrafas PET com bitucas de cigarro que recolhe na rua e expõe uma escultura feita por ele, que representa o mundo poluído pelo cigarro. Diz que é um defensor da natureza.
Piauí pretende contar sua história em um livro, cujo nome será “O ex-escravo das drogas”, e diz que mudou de vida por causa de uma mulher.
Conheceu sua atual esposa quando ainda morava na rua. Na ocasião, ele fumava maconha. Ela olhou para o homem drogado e de aparência suja e disse que ele não poderia ser derrotado pelas drogas. “Ela tinha só 15 aninhos e me disse que eu era um cara bom, mas não poderia deixar a droga crescer para cima de mim. Eu é que tinha que crescer para cima dela”.
A partir desse dia, Piauí decidiu mudar de vida. Pediu aquela mulher em namoro e, juntos, fugiram para o Amazonas. Estão casados há quinze anos e têm duas filhas, Babilônia, de 13, e Mara Luara, de 11. Piauí ganha a vida vendendo artesanato e sua esposa trabalha em um supermercado.
Enquanto expõe sua arte, jovens passam pela Paulista e o cumprimentam. Outras pessoas, que não conhecem aquela figura excêntrica, olham com curiosidade, mas passam sem parar.
Ele conta que estudou só até o segundo ano primário, mas faz questão de dizer que gosta muito de ler e sempre aconselha os jovens e as suas filhas a estudar.
Durante anos viciado em drogas e morando na rua, Piauí enfrentou muitas humilhações e dificuldades. Em uma ocasião, quando dormia, acordou com o cobertor pegando fogo. Chegou a comer lixo e, no auge do vício, em 1982, foi até a Colômbia porque ouviu falar que lá tinha muita droga.
Livre do cigarro, do álcool, da maconha e do crack, hoje ele pratica esportes e se orgulha em dizer que acorda todos os dias às cinco e meia da manhã para correr.
Piauí é um homem simples, não tem pudores para falar sobre seu passado, conversa e argumenta muito bem, e é cheio de planos.
Um de seus sonhos é fazer um trabalho na Cracolândia para ajudar os viciados a sair das drogas. “Eu conheço a língua deles, eu sei como chegar neles. Já morei na rua, sei como é.”
Sim, ele é um sonhador e diz que se sente na obrigação de fazer alguma coisa para mudar o planeta. Acredita que Deus colocou a esposa na vida dele e o fez mudar de vida. Fala ainda que se sente covarde se não ajudar os outros a deixar o vício. “As pessoas só se preocupam com bens materiais. Cada um quer cuidar do que é seu. Se eu não fizer nada, quem vai fazer o que eu estou fazendo?”, questiona, com o olhar inconformado.
sábado, 30 de agosto de 2008
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Infância X Tecnologia
Andar de bicicleta pelo bairro, subir em árvore, jogar bola e brincar de bonecas. Foram essas coisas que ocuparam a minha infância. Ah! Tinha o vídeo game também, mas não era minha diversão preferida.
Eu não tinha computador em casa, mas gostava de escrever na máquina de datilografia, e não podia errar porque senão tinha que jogar fora a folha e começar de novo. Aos cinco anos provavelmente ainda não sabia direito o que era celular. Lembro de ter tido um aparelho de brinquedo, daqueles grandes. O orelhão ainda era de ficha.
Hoje, e nem faz tanto tempo assim, é cada vez mais comum crianças pequenas com celulares, MP3, conversando pelo MSN e pelo Orkut.
E é sobre esse comportamento infantil adequado às novas tecnologias que a revista Veja dessa semana traz uma reportagem, cujo título é “Tudo ao mesmo tempo – e agora”.
Isso mesmo. As crianças de hoje fazem tudo ao mesmo tempo: estudam, brincam, conversam, assistem televisão, ouvem música, e por aí vai.
Mexer nos programas de computador e na Internet é com eles mesmo. Afinal, parece tão simples e normal escrever em blogs e postar vídeos no Youtube, certo?
Para a nova geração que praticamente é alfabetizada no computador, sim.
Mas acredito que é assustador para os pais. Imagino também que grande parte deles se impressiona com a facilidade dos pequenos em usar os aparelhos eletrônicos, que muitas vezes parece ser tão difícil para os adultos que viram os computadores ocupar o lugar das máquinas de escrever.
Pois é, a matéria de Sandra Brasil explica que as crianças estão cercadas de aparelhos eletrônicos e vivem na era dos estímulos constantes e simultâneos, ou seja, dão conta de falar ao telefone, assistir televisão e fazer a lição de casa ao mesmo tempo, e dividindo a atenção entre as tarefas. São as chamadas crianças multitarefas.
E isso não deixa os pequenos assustados, não. É tudo normal para eles, que desde muito cedo recebem diversos estímulos.
Mas os especialistas advertem para os problemas que toda essa tecnologia à qual os pequenos estão submetidos podem causar.
Um deles é a dificuldade de relacionamento, uma vez que a conversa pela Internet não substitui a relação pessoal.
Psicólogos garantem que é necessário que as crianças aprendam a enfrentar os medos e frustrações da vida real.
Em todo o caso, a tecnologia está presente. E cada vez mais cedo nossas crianças entram em contato com ela, aprendendo a usar os aparelhos eletrônicos como quem aprende a andar de bicicleta, como se fosse algo instintivo e natural da infância. O que não deixa de ser verdade.
Basta saber se os pais e também os professores estão dando conta de acompanhar essa evolução tecnológica e, principalmente essa mudança do comportamento infantil.
* Texto publicado também no site www.blogdacomunicacao.com.br
Eu não tinha computador em casa, mas gostava de escrever na máquina de datilografia, e não podia errar porque senão tinha que jogar fora a folha e começar de novo. Aos cinco anos provavelmente ainda não sabia direito o que era celular. Lembro de ter tido um aparelho de brinquedo, daqueles grandes. O orelhão ainda era de ficha.
Hoje, e nem faz tanto tempo assim, é cada vez mais comum crianças pequenas com celulares, MP3, conversando pelo MSN e pelo Orkut.
E é sobre esse comportamento infantil adequado às novas tecnologias que a revista Veja dessa semana traz uma reportagem, cujo título é “Tudo ao mesmo tempo – e agora”.
Isso mesmo. As crianças de hoje fazem tudo ao mesmo tempo: estudam, brincam, conversam, assistem televisão, ouvem música, e por aí vai.
Mexer nos programas de computador e na Internet é com eles mesmo. Afinal, parece tão simples e normal escrever em blogs e postar vídeos no Youtube, certo?
Para a nova geração que praticamente é alfabetizada no computador, sim.
Mas acredito que é assustador para os pais. Imagino também que grande parte deles se impressiona com a facilidade dos pequenos em usar os aparelhos eletrônicos, que muitas vezes parece ser tão difícil para os adultos que viram os computadores ocupar o lugar das máquinas de escrever.
Pois é, a matéria de Sandra Brasil explica que as crianças estão cercadas de aparelhos eletrônicos e vivem na era dos estímulos constantes e simultâneos, ou seja, dão conta de falar ao telefone, assistir televisão e fazer a lição de casa ao mesmo tempo, e dividindo a atenção entre as tarefas. São as chamadas crianças multitarefas.
E isso não deixa os pequenos assustados, não. É tudo normal para eles, que desde muito cedo recebem diversos estímulos.
Mas os especialistas advertem para os problemas que toda essa tecnologia à qual os pequenos estão submetidos podem causar.
Um deles é a dificuldade de relacionamento, uma vez que a conversa pela Internet não substitui a relação pessoal.
Psicólogos garantem que é necessário que as crianças aprendam a enfrentar os medos e frustrações da vida real.
Em todo o caso, a tecnologia está presente. E cada vez mais cedo nossas crianças entram em contato com ela, aprendendo a usar os aparelhos eletrônicos como quem aprende a andar de bicicleta, como se fosse algo instintivo e natural da infância. O que não deixa de ser verdade.
Basta saber se os pais e também os professores estão dando conta de acompanhar essa evolução tecnológica e, principalmente essa mudança do comportamento infantil.
* Texto publicado também no site www.blogdacomunicacao.com.br
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